Falar de uma migração continental ou simplesmente da diáspora humana pelo globo terrestre abre mil e uma hipóteses e possibilidades. Poderíamos talvez acertar o foco, a localização, e errar o itinerário. No âmbito da pré historia tudo é entregue nas mãos ricas e nobres dos arqueólogos, para que dentro de pesquisas repletas de escavações, as coisas venham a de fato ocorrer. Estamos apresentando este espaço, e ao mesmo tempo fixando a proposta com a expansão humana pela América. Uma forma de driblarmos os assuntos mais rotineiros da pré história, dando uma ênfase maior a nossa pré história, ao nosso início de mundo, ao nosso contexto, e ao nosso tudo. Temos a tendência a fixar a história desta expansão pela saída do homem da África para a Ásia e Europa, e dentro desta ideia (ou hipótese) a chegada na America através da Beríngia (estreito de Bering). Mas sabemos que os traços culturais e étnicos de nossa civilização obedecem, e seguem, não só a mongolização do continente (traços asiáticos de olhos e crânios) como também os tipos “negróides” que por aqui (especialmente na America Meridional) ainda existem. Na verdade nossa civilização Sul-americana está dentro das duas ideias de expansão. Enfim esta é a América que queremos descobrir. Esta é a América que poderemos discutir, essa é a América que passará nestas efêmeras linhas pela civilização de Clóvis, pelo povo de Lagoa Santa, pelas civilizações mexicanas e peruanas, enfim esta é a América que queremos apresentar.
Sempre que buscamos informações sobre nosso passado, tudo nos aponta que nossa história começou com a invasão portuguesa. Mas nossos brasis já ocupavam essas terras muito antes da chegada lusitana. Quem foram seus ancestrais? Bem, o povoamento do Brasil, ocorreu no fim da última glaciação, por uma população formada por caçadores coletores, que viviam em acampamentos sazonais, possuíam armas líticas simples e praticavam arte rupestre. Em 1840 o paleontólogo Peter Lund encontrou fósseis humanos em cavernas na região de Lagoa Santa, município mineiro, que deu nome ao povo e ao sítio arqueológico. Em 1975 nesta mesma região foi encontrado o fóssil humano mais antigo das Américas, em análises descobriu-se que o crânio pertencia a uma mulher, e recebeu o nome de Luzia. Luzia tinha aproximadamente 1,50m de altura, sua morfologia negróide era semelhante aos aborígines da Oceania, e nativos da África; morreu jovem, entre 20 e 30 anos. Esta descoberta nos leva a crer que o povo de Lagoa Santa pertence a uma primeira leva de humanos mais antiga, que talvez tenha chegado aqui aproximadamente à 15/14 mil anos, vindos da África, parando uma temporada em Madagascar e posteriormente seguindo para a Oceania, e chegando ao nosso continente. O povo de Lagoa Santa coexistiu com os paleoíndios, dando-se um encontro há seis mil anos, onde o povo de Luzia desapareceu. Esta segunda leva de humanos, com características dos índios atuais, ocupou toda a faixa litorânea e o Planalto Central. Dentro deste nosso rápido comentário, podemos discorrer de forma mais ou menos prolixa, para a atenção aos detalhes de tais pesquisas, direcionadas para a ocupação deste nosso nada “novo mundo”. A teoria de Florentino Ameghino, famoso paleontólogo, é que o homem americano teria se desenvolvido na América.
Ele afirma que, a possibilidade de nossa civilização ter iniciado por aqui é mesmo grande devido a seus achados relacionados a ossos, fogueiras, pontas de flechas e lanças, porém sua tese atualmente é descartada, pela falta de mais provas, como também pelo desconhecimento da técnica de datação com carbono 14, na época de suas descobertas. Outra teoria é de Alis Hardilick ou teoria mongólica, onde o homem teria migrado para o continente americano há aproximadamente 15.000 anos, através do estreito de Bering (conforme já vimos na introdução deste texto). Essa teoria é debatida e contestada pelos historiadores que afirmam a múltipla migração. Para essa tese o homem teria vindo não só da África (via Ásia e Mongólia) como também diretamente da áfrica com paradas na Oceania. Isso de certa forma explicaria nossa pluralidade de traços, serem tanto Mongóis (característica da cor da pele e formato dos olhos) como negróides (semelhantes aos aborígenes australianos). Porém uma das comprovações de maior impacto e repercussão (que corroboram com a tese do estreito de Bering) está no trabalho científico de geneticistas brasileiros que afirmam o grau de parentesco entre tribos de seis países americanos (Brasil, Peru, Argentina, Colômbia, México e Estados Unidos). Como podemos ver temos várias possibilidades, e uma gama muito grande de estudos ainda sendo desenvolvidos. Quando falamos de pré-história, trabalhamos sempre na base de hipóteses, e quando a pré-história fica afunilada para o estudo do nosso continente, as hipóteses são mais amplas devido ao menor tempo de estudo desta parte do mundo. Ainda podemos afirmar que a teoria de Clóvis (embora todas as teses contrárias) é se não a mais correta, a mais popular dentre elas. Para constar: O nome Clóvis vem de um sítio arqueológico no Novo México, Oeste dos EUA, por muito tempo considerado o mais antigo nas Américas, com datação entre 11 mil e 11,5 mil anos atrás. Este artigo tem não só o interesse de expor o nosso trabalho de estudo, como também deixar em aberto uma miríade de possibilidades de complementações, discussões, ideias e embates a respeito do assunto. Estudar a pré-história de nosso continente. Desenvolver teses a respeito. Criar a possibilidade de defesas em cima de todas as possibilidades. Enfim, temos o objetivo de convidar a todos os leitores, e seguidores, a embarcarem juntos nessa caminhada. Este é o primeiro artigo de vários. Este é o primeiro de muitos estudos.